terça-feira, 17 de julho de 2007

Onde está o badocha?

Começa o verão, começa o chorrilho de publicidade televisiva a tudo e um par de botas, sugestionando férias, praias, sol, etc.
Bonito, refrescante, e sempre se vêem umas cachopas mais desnudas, e tal. Se bem que o meu ideal de cachopa desnuda não tem a ver com aquelas amostras desnutridas com o ar de hippie piolhoso que está tão na moda, mas enfim. Deve haver quem goste.
Mas, de facto, tenho constatado uma realidade tão repetiviva que salta à vista: nas publicidades dos operadores de telemóveis e das marcas de bebidas (nomeadamente sumos e cervejas), a técnica mais utilizada nos respectivos spots é passar a imagem de que só os jovens esbeltos, bronzeados e com ar de habitantes da Linha é que usam telemóveis e bebem sumos naturais e cervejas quando veraneiam.
Porquê, perguntará o leitor. E pergunta bem, mas a resposta é óbvia: repare-se nos spots - nas praias, nos lagos, nas piscinas, os únicos personagens detectados são indivíduos do tipo acima descrito; e o que me apraz dizer sobre isso é o seguinte:
Ponto #1: Qualquer pessoa sabe que os nossos locais de veraneio comtemplam toda uma diversidade de fisionomias e hábitos, e não acredito que haja locais reservados a modelos (ainda por cima, modelos deslavados, puérperos, e tótós). Mais, se os houvesse, acho errado usar apenas disto nas publicidades - falacioso, q.b.; Onde estão os Tugas com as suas lancheiras do arroz de frango, ou, para os mais modernos, do tupperware, e os seus guarda sóis com franjinhas? Onde estão as crianças a brincar na areia? Gaita, onde estão as pessoas normais? Não estão, essa é que é essa. Para o marketing, estas não fazem férias, não se divertem e mais, não usam telemóveis nem bebem sumos e cervejas.
Ponto #2: É do conhecimento geral que qualquer grupo de jovens engloba, pelo menos, uma cachopa gorda, ou um magricelas com acne. Normalmente, são estes os que levam o carro, que carregam as coisas e que têm o dinheiro. Nestas publicidades, ONDE estão eles? Nem um badocha para contar a história. Falta de realismo, co'a breca!
Ponto #3: se a intenção é fazer com que as pessoas pensem que ao consumir aqueles produtos ficam com a aparência dos tótós dos anúncios, desenganem-se, meus senhores: já ninguém é assim tão burro. Este tipo de coisas enjoam, e pelo visto há muita falta de imaginação para fazer publicidade, copia-se o anúncio do vizinho e já está, e é uma pena.
Resultado: temos que levar com esta publicidade da treta porquê? Poucos se identificam com aquilo, e se identificam, precisam de óculos, e de uma consulta no psicanalista. Os senhores da publicidade, esses cabeças de porco que tiram as ideias dos momentos em que se esforçam sentados, de calças em baixo, no WC,são pagos, e bem pagos, para fazer alguma coisa de jeito. Bem podiam começar.
Má imagem da realidade, má associação, em suma, publicidade - porcaria.

Bem-hajam,
O Provedor

3 comentários:

Barão da Tróia II disse...

Olhe caro amigo grato pela visita e continue, fico à espera de mais post, já que este está excelente, boa semana

Savonarola disse...

Caro Provedor,
Ora aqui está uma excelente denúncia desta publicidade de Verão, tão extraterrestre. Claro que os mais avisados não ignoram que estes arquétipos de "beleza" são verdadeiras armadilhas para o incauto consumidor, que iria comprar o telemóvel XYZ, na esperança de receber um MMS daquela loiraça da Vodatêoptima, se o referido consumidor fosse completamente mentecapto. Ou rico. Ou lamentavelmente endividado...
Saudações cordiais

Sofia Melo disse...

Provedor, tirou-me as palavras da boca. Até dá azia esta publicidade estupidificante.
Parabéns pelo blog, terá aqui uma leitora assídua.